Quando
chegou tinha sofrido muito com a mudança de onde estava para seu novo lugar. Fora
transportado de um lugar onde talvez se perdesse, fosse desmontado, para um
lar, cujo dono o recebera com carinho, pronto para cuidar dele. Era como uma
pessoa, uma ovelha sem pastor... Antes a mercê de qualquer um que se
aproximasse e o tratasse como quisesse. E muitos haviam chegado perto dele para
bater em seu vidro. Agora tinha quem o protegesse: seu dono o havia comprado. E
seria guardado. Estava salvo, ganhou um pastor. Mas ainda não estava bem.
Aquários
são como jardins, precisam ser cultivados. Precisam ser protegidos. São como a
terra do coração. Não podem receber qualquer coisa dentro de si. Podem morrer
se isso acontecer. Precisam de carinho para se equilibrarem, precisam de estar
a salvo para viverem de fato.
E
o Aquário se mostrou quase a morte. Embora em seu coração o dono mantivesse
esperança de sua reação, de sua recuperação. E trabalhasse firmemente para
isso.
A
água do Aquário estava turva. Permaneceu assim por quinze dias. Dava para ver
sua luta em recuperar das feridas feitas, a agressão sofrida. Quando acendiam
suas lâmpadas, apenas seres de aspecto repugnante se mostravam. Estavam ali por
um propósito de limpeza, mas isso não diminuía sua aparência. Eram vermes e
lesmas presas a conchas. Difícil foi acreditar que teria vida... Mas seu dono
cuidava dele com zelo e amor. Acreditava nele. Mas por estes dias o Aquário esteve
como doente, aguardando o tempo de mudança, cumprindo o ritual de ser limpado.
Quinze
dias e sua água revelou-se clara. Mas ainda havia um problema: estava
esverdeada. E o Aquário que tinha pensado já estar pronto, ainda inspirava
cuidado. E como alguém que necessita de ajuda para liberta-se totalmente, o ele
precisou de interferência externa para conseguir se equilibrar. Ali estava,
mesmo que o Aquário não tivesse percebido antes. Uma presença havia que nunca o
tinha abandonado, como a presença do Deus Vivo ao lado de seus filhos. Era uma
pequena bomba que até hoje funciona dia e noite, purificando suas águas, como
purifica o sangue vertido na cruz; e um termostato, aquecendo o Aquário do
frio, como as consolações do Espírito Santo aquecem os corações de quem busca ao
Deus Eterno.
Mas
como disse, suas águas estavam verdes. Era o sinal de uma doença. Uma
infestação por algas. E esta infestação poderia matar o Aquário porque poderia
retirar o oxigênio da água. As plantas morreriam, até os vermes faleceriam. E o
jardim se transformaria em morte.
Porém,
seu dono, carinhoso e atento, rapidamente interferiu como mandando uma palavra
de bênção e vida sobre o Aquário, que o fez reviver. Limpou suas águas das
algas, o protegeu da luminosidade excessiva e o auxiliou no caminho de se
equilibrar. Foi preciso seguir regras e o Aquário foi guiado por um caminho,
uma lei que o protegeu da infestação. A lei que regia a vida em suas águas,
mantinha o oxigênio e controlava a população de algas. Seu dono, com o filtro
que funcionava sempre e o termostato que nunca parava, auxiliaram o Aquário que
finalmente via suas águas tornaram-se límpidas.
Então,
após alguns testes, após todo cuidado ele finalmente recebia peixinhos. Pequenas
vidas que até hoje pulam em suas águas, nadam e tornam aquele lugar feliz.
Quanto
aos vermes e às plantas que com ele chegaram... Agora são sustentados pela vida
que suas águas geram, assim como os coloridos peixinhos.
É
como um coração. Chega às mãos do Deus Senhor de Tudo cansado, poluído,
precisando de carinho, de limpeza, de equilíbrio. Cuidado com amor, tratado por
leis que o protegem, o cercam, fica claro, limpo, equilibrado e finalmente gera
vida, águas vivas que fluirão do seu interior.
É
preciso um dono para cada um de nossos aquários. Que este dono seja Aquele que
conhece todas as leis e possuidor de graça infinita.